quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Pequenos atos, grandes resultados

Porque a educação pública brasileira não evolui? Porque seguimos vendo um modelo educacional que segue não dando resultados significativos à sociedade e que grande parte dos brasileiros vê com péssimos olhos e onde jamais desejariam colocar seus filhos?

Bom, primeiro, acredito que precisamos quebrar todas essas questões em tópicos mais específicos (objetivos), organizando tudo pra termos uma visão mais clara do tema principal.

Percepção e realidade

A primeira questão que devemos analisar e discutir é: qual é a real situação do ensino público brasileiro? Será que temos a noção exata do estado atual da escola (de forma geral)? Vamos observar de forma fria os números apontados pelos institutos que podem nos fornecer algum parecer mais ou menos confiável:

Matrículas
Fonte: Site Inep (http://inep.gov.br)

Entre os anos de 2014 e 2018, tivemos uma redução de 1.3 milhão de matrículas - este dado é referente à educação básica. O dado é do Censo Escolar, divulgado pelo Inep (31 de janeiro de 2019). O peso desse número e o significado disso para a sociedade precisa levar em consideração diversos fatores: crescimento populacional, número de vagas disponíveis x demanda, etc.

"No caso da educação infantil, as matrículas cresceram 11,1% na comparação com 2014. Em 2018, foram 8,7 milhões de registros, enquanto, em 2014, eram 5,3 milhões. Esse crescimento foi decorrente principalmente do aumento das matrículas da creche". Veja que nesse ponto há um indício de melhora na situação das matrículas no que diz respeito à educação infantil. Então, se não analisamos a questão como um todo, poderemos chegar a uma conclusão incorreta ou parcial sobre o assunto.

Mas vale lembrar que apenas aumentar o número de alunos matriculados nas escolas não torna nossa nação mais evoluida em termos educacionais, apenas nos passa uma impressão de melhora, o que pode ser uma realidade totalmente distorcida.

Rendimento Escolar
Fonte: Site Inep (http://inep.gov.br)

A taxa de aprovação sempre foi muito discutida e controversa, tendo em vista as propostas de aprovação automática, progressão continuada, o real aprendizado dos aprovados, entre outros pontos.

Seguindo o portal Qedu - No Brasil, 8 de cada 10 alunos concluintes do ensino fundamental não aprenderam o adequado em Matemática. Para obter esse número foi utilizado o indicador chamado Ideb.

O Ideb é calculado com base no aprendizado dos alunos em português e matemática (Prova Brasil) e no fluxo escolar (taxa de aprovação).

Para obter dados relativos ao rendimento escolar foi criada a Prova Brasil. A Prova Brasil é uma avaliação censitária das escolas públicas das redes municipais, estaduais e federal, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino.

Se tomarmos por base apenas os números apresentados acima, veremos que a realidade se aproxima em muito da percepção que todos temos sobre o cenário atual do nosso ensino público.

De certa forma, notamos o resultado do ensino e da educação pública de forma direta em nossa sociedade, pois vemos mais e mais um cotidiano de desprezo à escolarização, esvaziamento do valor dos professores, devalorização do estudo de forma geral.

Existem muitos vetores influenciando neste sentido, mas acredito que um dos principais deles é a nítida percepção de que o modelo atual está em decadência e de que o mesmo não atende mais as necessidades da sociedade moderna.

Evolução do ensino público

Usando apenas esses dois indicadores: Matrículas (quantitativo) e Rendimento (qualitativo) podemos classificar de forma clara a situação do ensino público: crítica.

É muito triste pensar que a realidade não fortalece nossas esperanças em relação ao futuro dos milhões de brasileiros hoje matriculados em escolas públicas. E pior, não conseguir enxergar em curto ou médio prazo, planos claros para corrigir estas ferramentas extremamente importantes para a sociedade que são a educação e o espaço de ensino público.

Em termos de evolução tenho claro que estamos longe de alcançar as metas ideias, não as metas traçadas por diversos governos brasileiros, mas as metas que realmente fazem sentido para a educação de um país sério e que deseja dar significância aos seus cidadãos.

Eu acredito que é fundamental pensarmos em metas não apenas realistas, mas metas otimistas e de superação, já que realismo pode nos levar ao conformismo e isso para a educação é altamente prejudicial.

Atitude

O que fazer então se todas as perspectivas nos fazem desacreditar do futuro do ensino público no Brasil? Seria o momento de jogar a toalha? Esperar que o próximo governo faça algo? Que alguém surga como um salvador com uma solução pronta?

Eu acredito que esse tipo de pensamento não combina com os brasileiros. Precisamos de uma atitude positiva, revolucionária até! Apesar dos dados demonstrarem uma situação de UTI, acredito que o grande diferencial que temos é de que sempre nos superamos em todos os momentos históricos de nosso país. Olho para nosso passado e vejo quanta coisa boa foi feita mesmo com recursos muito mais escassos e uma realidade bem pior. Temos que tomar a iniciativa e fazermos a diferença.

Ao iniciar este artigo queria fazer uma análise sobre a evolução histórica da educação pública brasileira desde que iniciei este blog - há mais de 7 anos - e das transformações ocorridas neste período. Muito foi feito, tantas inovações, desafios vencidos, uma nova geração começa a se formar e entrando na fase adulta irá comport a massa crítica da sociedade, apresentando sua visão de mundo a partir de sua própria experiência levar propostas que possam mudar pra melhor o seu entorno. 

Acima de tudo, precisamos de uma nova atitude. De atitude. Agir, fazer, não o outro, mas o eu, o nós, pois sozinhos não construímos nada. Mas tem que começar dentro de cada um de nós. Primeiro, acreditando que é possível, que vale a pena. Depois, dividindo o "monstro" em pequenos pedaços e traçando estratégicas individuais para cada um dos problemas.

Por exemplo, você pode considerar que o grande problema da educação pública é a falta de professores. Comece se questionando se realmente essa é a causa ou o efeito da crise educacional. Será que faltar professor não é resultado da desvalorização da profissão com salários ruins, más condições de trabalho, etc. Será que colocando mais professores na "praça", vamos alcançar uma melhora no quadro atual? Pode ser que sim, mas pode ser que não ... apenas reflita. Se finalmente, você chegar a conclusão de que sim, esse é um problema a ser corrigido, o que fazer? O que você pode fazer? Defina suas metas e execute-a!

Talvez seja melhor você começar por pontos mais simples e próximos à sua realidade ou cotidiano. Se você é pai de um aluno estudante de escola pública, deve investir um tempo para agir dentro da comunidade estudantil, não apenas em uma ou outra reunião de pais e mestres para receber o boletim dos filhos (nossa, nem sei se isso ainda funciona assim 😜), mas atuando de forma a levar propostas e sugestões que contruibuam no dia a dia do seu filho e dos demais estudantes. Se for um professor, buscando diferentes técnicas de ensino, materiais e conteúdos complementares, buscando uma nova postura, não apenas visando atender ao que lhe foi imposto, mas pensando em trazer real valor no que está fazendo.

Este blog é focado em criar idéias e apresentar soluções para a criação de um futuro melhor para que os estudantes de escolas públicas brasileiras possam continuar acreditando que é possível ir muito além do que o que se vende no noticiário. Eu continuo acreditando que é possível ir muito mais além, continuo tendo fé de que as pessoas vão despertar de seu comodismo, investir um pouco a mais de tempo para discutir, preparar e apresentar propostas que trarão a esperada melhora que todos queremos para o Brasil. Se mantivermos o foco, se aclararmos nossas mentes, fugindo das discussões triviais e ideológicas que sempre  permeiam questões públicas, poderemos sim criar uma ferramenta de reconstrução e transformação do nosso país.