segunda-feira, 21 de maio de 2012

Porque estudar é tão chato?


As frases mais comuns dos alunos quando o assunto é estudar, são: "o melhor da escola é o recreio", "estudar é chato", "estudar é cansativo" ou "porque devo aprender essas coisas?". Mas porque essas reações? Porque o estudo e o aprendizado está tão atrelado a sentimentos de cansaço, desinteresse e stress?

Encontrei alguns artigos muito interessantes sobre o assunto. O primeiro é do blog Rede NetSaber, escrito por Sara Paín (Diagnóstico E Tratamento Dos Problemas De Aprendizagem), que diz:
"... O problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma, um sinal de descompensação..."
"Os fatores fundamentais a serem levados em consideração no diagnóstico de um problema de aprendizagem são: 
1. Fatores orgânicos: integridade anatômica e de funcionamento dos órgãos, funcionamento glandular, alimentação e condições de abrigo e conforto entre outros fatores; 
2. Fatores específicos: refere-se a certos tipos de transtornos na área de adequação perceptivo-motora, em especial aqueles que aparecem no nível da aprendizagem da linguagem, sua articulação e sua lecto-escrita, e se manifestam numa série de perturbações (ex-alteração da seqüência percebida; 
3. Fatores psicógenos: problema da aprendizagem pode surgir como uma reação neurótica à interdição da satisfação, seja pelo afastamento da realidade e pela excessiva satisfação na fantasia, seja pela fixação com a parada de crescimento na criança; 
4. Fatores ambientais: refere-se ao meio ambiente material do indivíduo, às possibilidades reais que o meio lhe fornece, à quantidade, à qualidade, freqüência e abundância dos estímulos que constituem seu campo de aprendizagem habitual.". 

O outro está no site do Colégio Santa Maria, escrito por Nádia Maria Dias da Silva (Dificuldades de Aprendizagem), que trata o assunto com a seguinte visão:
"... Raramente as dificuldades de aprendizagem têm origens apenas cognitivas..."
"...O aluno, ao perceber que apresenta dificuldades em sua aprendizagem, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, agressividade, etc. A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria."


O que está sendo tratado em ambos de forma paralela é que em geral, o fracasso no aprendizado está muito mais atrelado a erros no processo educacional, seja na forma, na relação dos envolvidos ou ao ambiente como um todo. Concordam os textos que o problema do desinteresse precede o intensão do aluno gostar de estudar ou não. Em algum momento o primeiro texto trata de problemas relacionados ao individuo, porém, fica claro que o meio irá impactar muito mais o aprendizado, seja por problemas familiares, metodologia utilizada pela instituição, o próprio ambiente escolar, entre outros.

Somos influenciados pelo meio em todo o tempo. Os comerciais nos mostram isso, a sociedade moderna é um ótimo reflexo dessa realidade - consumimos o que nossos sentimos são estimulados à desejar; nossos valores estão atrelados às informações que recebemos a partir de nossa família, crença, cultura, grupos em que nos envolvemos, etc.

Afinal, o que devemos fazer para modificar esse quadro tão desacreditado? É possível fazer os estudantes gostarem de estudar? De quem é a responsabilidade sobre essas mudanças: da escola? dos pais? dos alunos? Em verdade, todos os envolvidos tem uma parcela dentro desse contexto e devem se complementar, como peças em um quebra-cabeças.

A instituição de ensino deve prover os meios: um ambiente saudável e convidativo, com uma estrutura que atenda aos anseios dos alunos, deve ser um lugar acolhedor e cativante; deve ainda prover uma metodologia versátil e atual que atenda diferentes tipos de alunos, não sendo uma forma de privilegiar uns e desprezar outros, mas buscar soluções para auxiliar no desenvolvimento de todos.

Cabe aos pais cumprirem seu papel fundamental de ensinar limites, dar afeto, carinho, estar presentes a cada momento, acompanhando os estudos de perto (lições de casa, trabalhos, reuniões, etc.). Na sociedade moderna, cada vez mais ambos os pais estão atarefados com o trabalho fora de casa e é comum ver crianças que estão na escola apenas para não ficarem sem ter o que fazer em casa. É importante entender que o estudo não é apenas um passatempo, mas que é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do indivíduo, onde ele entende a si próprio, seu papel na sociedade e compreende melhor o mundo a sua volta. Além disso, como já dissemos, somos em grande parte, resultado do meio em que vivemos, então, se os pais querem que os filhos tenham mais interesse na leitura, nos estudos, devem ser os primeiros a mostrar esse padrão. Um artigo muito interessante está no site Mundo das Tribos (Como incentivar seu filho a estudar).

O desinteresse dos alunos brasileiros hoje é um reflexo de anos de descaso com a educação e na inversão de valores que nosso sociedade tem vivido. Os alunos devem exigir seu direito a educação pública de qualidade, não apenas aceitar passivamente os moldes oferecidos. Nossos estudantes do ensino médio devem se organizar, assim como muitos já o fizeram, em agremiações, ou associações que buscam soluções para o ensino. É muito mais fácil modificar a realidade de uma escola do que mudar o ensino de um país inteiro, mas se essas ações se propagarem, através da Internet por exemplo, com certeza em pouco tempo teremos uma melhora significativa do quadro geral. O importante é não delegarmos essas ações a órgãos governamentais, mas cada um assumir o seu papel e buscar o melhor para sua escola, para sua família e para sua própria vida.

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